Aplicações espaciais disponibilizam dados que “permitem ao homem tomar as decisões mais correctas” – Presidente da AAPA

Para além da presença do Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, que falou sobre as valências e benefícios do Programa Espacial Nacional, com o anúncio de que o ANGOSAT-2 já está pronto para o fornecimento de serviços de comunicações, o workshop que decorreu esta quinta-feira, 01, em Luanda, apresentou também os avanços que vêm sendo obtidos com as aplicações desenvolvidas dentro do Programa de Observação da Terra.

A Directora Geral Adjunta do GGPEN para a Área Técnica e Científica, Vangiliya Pereira, deu seguimento à programação apresentando os vários benefícios que o ANGOSAT-2 trará para o país, no âmbito da educação, da saúde e da formação de quadros.

“O ANGOSAT-2 vai permitir um maior alcance da conectividade fora daquilo que é o habitual em termos de cobertura nacional, inclusive nas zonas remotas que, neste momento, não temos conectividade”, citou, mencionando a taxa actual de cidadãos angolanos com acesso à Internet, que é de 27%.

Por sua vez, o Director de Voo do GGPEN, Dr. Amaro João, apresentou o Centro de Controlo e Missão de Satélites (MCC), construído de raiz, na Funda, Luanda, de onde, actualmente, é feito o controlo e operação em órbita do satélite de telecomunicações angolano.

“Temos um satélite de telecomunicações de grande porte com duas toneladas. Em África há apenas cerca de 4 ou 5 países com satélites com esta dimensão que permitem prestar esses serviços”, disse, e acrescentou que “tem havido uma grande dinâmica em África do ponto de vista de investimento na tecnologia espacial”, sendo que “Angola é, nesse momento, um dos países africanos que possui um Programa Espacial e tem um satélite que pode prestar serviços de comunicações”.

Uso das aplicações espaciais

O presidente da Associação Agro-Pecuária de Angola (AAPA), Eng. Wanderley Ribeiro, mostrou como é possível, através da TECH-Agro fazer cruzamento de informações para validar se o que está a ser visto no terreno corresponde com a prática.

De ressaltar que a TECH-Agro é um serviço destinado a agricultores, que permite analisar o estado dos campos agrícolas a partir da monitorização do desenvolvimento vegetal usando o índice de vegetação obtidos a partir de dados de satélites e drones.

“Numa perspectiva empresarial, numa fazenda de 10 ou 15 hectares, como conseguimos ter o produtor e dono a fazer essa fiscalização? É aqui onde entram os serviços de satélites e é aqui que conseguimos ter uma nova perspectiva, uma nova visão. É com base nos serviços fornecidos pelo GGPEN, na tecnologia, nos algoritmos do TECH-Agro, que queremos demonstrar, na prática, o que isso significa em termos de resultado. É mais que uma foto, são as variações que acontecem dentro do campo de produção com dados que permitam ao homem tomar as decisões mais correctas”, disse.

O responsável do Departamento de Desenvolvimento de Aplicações Espaciais do GGPEN, Eng. Luciano Lupédia, apresentou a TECH Ecologia – solução que faz uso de imagens de radar por satélite permitindo detectar, monitorar e alertar sobre a ocorrência de derrames de petróleo no offshore nacional.

“O país tem cerca de onze áreas de produção petrolífera com mais de onze petrolíferas a operarem no offshore nacional. Contudo, o país não dispõe de uma ferramenta para monitorização de derrames de petróleo. O que torna pertinente o desenvolvimento de uma ferramenta para tal”, explicou.

Já no final do workshop, o Eng. Milton Silva, representante da Agência Reguladora de Certificação de Cargas e Logística de Angola (ARCCLA) falou dos benefícios da TECH-Gest, serviço que faz recurso a imagens de satélites actualizadas e de alta resolução para o monitoramento de infra-estruturas, gestão de activos, detecção de mudanças, mapeamento do uso e ocupação dos solos.

“Angola possui 15 mil centros logísticos. A TECH-Gest está a nos ajudar a mapear todas as estruturas e áreas logísticas no país, garantindo, então, que por via do uso de imagens de satélites pudéssemos ter informações da infra-estrutura, mapeamento, estado da terra e infra-estrutura de transporte para ajudar na implementação das mesmas. Também foi possível avaliar as valências dos nossos projectos”, ressaltou.

O workshop Programa Espacial Nacional decorreu em Luanda, no dia 01 de Dezembro. Assista ao evento aqui.