PROJECTO QUER IDENTIFICAR TIPO DE SECA QUE ASSOLA O SUL DE ANGOLA
Identificar o tipo da seca que assola a região sul do país é um dos desafios do Projecto de Quantificação da Problemática da Seca no Sul de Angola, iniciativa do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, através do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), que tem como objectivo utilizar dados de satélite para melhorar a gestão hídrica e monitoramento da seca.
A afirmativa foi feita ontem, durante o workshop que reuniu cinco renomados especialistas internacionais oriundos do Japão, Estados Unidos da América e Nigéria para além de especialistas de diversas organizações nacionais.
“Só depois de se detectar o tipo de seca é que se vai conseguir encontrar uma solução para o problema”, disse à margem do workshop, o dr. Yohei Sawada, que é PdD em Engenharia pela universidade de Tóquio. Vale destacar que durante dois anos também foi pesquisador da Agência Meteorológica do Japão, no Instituto de Pesquisa Meteorológica (JMA – MRI).
Na mesma senda, o director geral do GGPEN, Zolana João, confirmou que é necessário primeiro identificar o tipo de seca para depois encontrar-se uma solução: “não é possível gerir aquilo que não se consegue medir”, disse e acrescentou que com o projecto será possível fornecer informações com muita antecedência sobre a falta de água.
“A diminuição do líquido em rios e da humidade do solo, para além da falta de chuva servem de indicativo de que poderá aproximar-se um período de seca”, frisou o responsável pelo GGPEN.
Para o estudante de Electrónica e Telecomunicações do Instituto Superior Metropolitano de Angola, João Jeorge, o workshop foi muito proveitoso: “os palestrantes estiveram muito bem na abordagem deste tema visto que Angola pode aproveitar as valências do satélite Angosat-3, para a resolução de problemas sociais, a exemplo do mais recente problema da seca que estamos a enfrentar no Cunene”, exemplificou.
De acordo com dados do Programa Emergencial de Combate à Seca no Sul de Angola, actualmente, 1,3 milhões de pessoas estão afectadas pela seca nas províncias do Cunene, Namibe, Huíla e Cuando Cubango.
“A seca é um problema que vem assolando o nosso país e para mitigar isso nada melhor que utilizar a tecnologia espacial”, disse o estudante de Engenharia de Telecomunicações do ISUTIC, Paulino Manuel, acrescentando que gostou bastante da palestra e ficou surpreendido com as informações que foram partilhadas.
Lançado pelo ministro das Telecomunicações e Tecnologias da Informação, José Carvalho da Rocha, no dia 13 de Novembro, em Ondjiva, no Cunene, o Projecto de Quantificação da Problemática da Seca no Sul de Angola tem como meta demonstrar a implementação de um protótipo do sistema de exploração de dados de satélite para a gestão hídrica e monitoramento da seca.
A investigadora principal do projecto é a professora doutora Danielle Wood, que actua como professora no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA – melhor Universidade de Engenharia do mundo. Lidera o grupo de pesquisa que usa os satélites para resolver problemas complexos na terra, projectando sistemas inovadores que aproveitam a tecnologia espacial para resolver os desafios do desenvolvimento em todo o mundo. Antes de actuar como docente no MIT, a professora Wood ocupou vários cargos na sede da NASA. Obteve o seu doutoramento em engenharia aeronáutica e aeroespacial no MIT.
Participam ainda o Dr. Yohei Sawada, da Universidade de Tóquio (Japão), Dr. Tejumola Taiwo, da Universidade Internacional do Espaço (França), Msc. Rei Kawashima, do UNISEC (Japão) e Dra. Katlyn Turner, do MIT (EUA), bem como especialistas do INAMET, GGPEN, das universidades angolanas e dos ministérios do Ambiente e do ensino Superior.
“Vamos tentar mostrar às outras pessoas que o satélite Angosat-3 será bastante importante na prevenção de problemas como a seca que afecta o país”, declarou o estudante da Engenharia Informática do Instituto Superior Politécnico do Zango, Joelson Camilo.