
Angola usa com sucesso tecnologias espaciais
A Tech-Agro, tecnologia aplicada à agricultura, a Tech-Gest IP, usada pela AGT para imposto predial e controlo de residências, e Tech-Minas, aplicada à área mineira, são algumas das ferramentas tecnológicas usadas por Angola em matéria de ciências espaciais, revelou, ontem, ao Jornal de Angola, o Coordenador Nacional Para a Educação Espacial do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN).
Lumonansoni Eduardo André, que falava a propósito do Dia Internacional dos Voos Espaciais Tripulados, instituído pela Assembleia-Geral da ONU e que se celebra hoje, afirmou que o GGPEN está focado em gerar conhecimento, formar e treinar pessoal especializado, bem como desenvolver tecnologias e assessorar órgãos governamentais e empresas privadas em matéria de ciências espaciais.
Quanto às ciências de tecnologias espaciais e atmosféricas, avança, o GGPEN tem desenvolvido tecnologias que têm auxiliado o Executivo, como para a Conta Única de Tesouro (CUT), e que também tem parceria com a AGT, a ANPG, InfraSat, a MS Telecom, que têm comprado os serviços, a fim de expandir por todo o país.
Para o especialista, isto representa um dos avanços da ciência espacial em Angola, que está a ser conduzido pelo Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional, e também têm dado formações, palestras para consciencializar a população, os académicos, estudantes sobre a importância da implementação de ciências espaciais nas academias e universidades.
Investimento nas ciências espaciais
Segundo Lumonansoni Eduardo André, estudos dizem que até o ano de 2035, a economia espacial mundial pode expandir para 1,8 trilião de dólares impulsionada por avanços na tecnologia de satélites, serviços de lançamento e aplicações espaciais e, até 2026, a economia espacial africana está projectada para crescer em 22,64 biliões de dólares.
Por esta razão, afirmou, o Governo, de forma estratégica, criou o GGPEN para que esse órgão do Estado responsável por acompanhar e gerir o Programa Espacial Nacional consiga trazer essas divisas ou ganhos a fim de contribuir para a diversificação da economia e reduzir a dependência do petróleo.
A estratégia espacial da República de Angola, salientou, visa guiar o país ao investimento no espaço, com vista a assegurar o aproveitamento eficaz dos seus benefícios e do dinheiro arrecadado faz parte dos benefícios que pode posicionar o país num contexto internacional.
O Governo angolano, frisou, através do seu Plano Nacional de Formação de Quadros no sector espacial tem formado, dentro e fora do país, ao mais alto nível vários especialistas para assegurar e garantir que esse investimento ajude a economia nacional, com finalidade de promover e fomentar a transferência, difusão e desenvolvimento da ciência e tecnologia espacial, usando conhecimentos adquiridos ao benefício não apenas do país, como também de outros países da nossa região.
Angola, revelou o especialista, está entre os três países africanos, seguido pelo Rwanda e Nigéria, que fazem parte do projecto Artemis da NASA, que é praticamente o retorno do homem à lua. E demonstra um reconhecimento internacional dos quadros de alta qualidade do Programa Espacial Nacional e aquilo que GGPEN tem feito.
Lumonansoni Eduardo André disse que a exploração espacial é um conjunto de esforços feitos pelo homem na tentativa de estudar e explorar o universo e seus astros do ponto de vista científico e prático, visando sempre o bem-estar económico, social e segurança das populações.
Mas, para que tal exploração aconteça, avança, deve ser feita por engenheiros, astrónomos, sondas robóticas não tripuladas e robóticas tripuladas, que são as estações espaciais, satélites, entre outros.
Para explorar e estudar o espaço, refere, permite os homens, compreender qual é o nosso lugar no universo, bem como responder a diferentes desafios científicos e tecnológicos que necessitam de dados, por exemplo, da observação da Terra para casos mais concretos, de modo a produzir esses dados para a Terra através de satélites, sondas, e assim por diante. As vantagens envolvem, ainda, subsidiar o desenvolvimento de pesquisas para transformar esses dados em conhecimento, e transformá-los em produtos, bens e serviços que podem ser comercializados. Tudo em nome do progresso científico e tecnlógico das nações em geral e, em particular, de Angola.
O especialista salientou que o GGPEN tem desenvolvido produtos que usam a tecnologia espacial como a tecnologia aplicada à agricultura, tecnologia aplicada à ecologia para o derramamento de petróleo, tecnologia aplicada para o sector diamantífero e para gestão de activos que é usada para controlar o planeta Terra sob eventuais ataques de alguns detritos espaciais, como asteróides e micro asteróides.
O Dia Internacional dos Voos Tripulados é importante para a humanidade, porque dá início à corrida espacial, sobre os anseios do homem de poder saber o que é o ambiente espacial, sobre o que acontece com um ser humano fora do espaço e como podemos nos beneficiar, utilizando as tecnologias que podem vir do espaço.
Exploração espacial
O especialista em Educação Espacial frisou que o primeiro ganho é ter o conhecimento sobre o ambiente à nossa volta, como os outros planetas do sistema solar e os detritos espaciais. Envolve, ainda, monitorar o clima da Terra, calcular a velocidade de corpos e a posição desses corpos, que podem estar próximos da Terra, e apresentar algum perigo. E através desse conhecimento, disse, é possível desenvolver tecnologia para afastar qualquer perigo.
Actualmente, o coordenador para Educação Espacial do GGPEN referiu que as Nações Unidas reconhecem a importância de usar informações baseadas no espaço, porque têm um papel vital na promoção do uso das tecnologias espaciais para o benefício da população.
Por isso, revelou, foi criado um programa das Nações Unidas para aplicações espaciais que engloba sete principais áreas de trabalho que são os ecossistemas de biodiversidade em uma área, a mudança climática, gestão de desastres naturais, saúde mundial, sistemas de navegação global, o GPS, o monitoramento do ambiente e dos recursos naturais.
Angola, salienta, é um país com muitos recursos, e para saber em que áreas estão localizados é por intermédio das imagens de satélite. E desse modo se monitora o ambiente e os recursos naturais.
Outro ganho da exploração espacial para o país, menciona, é o projecto Conecta Angola que tem permitido que em regiões mais recônditas usem a internet.
Historial da data
Lumonansoni Eduardo André indicou que a data 12 de Abril de 1961 se deve ao facto de a extinta União Soviética ter enviado o primeiro homem para orbitar a Terra, o conhecido cosmonauta Iuri Alexeievitch Gagarin.
E, continuou, em 2011 a Assembleia-Geral da ONU instituiu a data de celebração para lembrar anualmente o início da era espacial da humanidade, reafirmando a importância e contribuição da ciência e tecnologia espacial para o alcance dos objectivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.
Este dia, avançou, também expressa a convicção, do interesse comum da humanidade em promover e expandir a exploração e o uso do espaço exterior para fim espacístico e em esforços contínuos para entender os benefícios das descobertas espaciais.
Porém, destaca que, após Iuri Gagarin, ter ido ao espaço ou na órbita da Terra, dois anos depois, em 16 de Julho de 1963, a União Soviética volta a lançar mais um ser humano na órbita da Terra, a astronauta Soviética Valentina Tereshkova, e seis anos mais tarde, o homem alcançou o topo da exploração primária do espaço, que era o enviar um homem num outro corpo celeste que não fosse a Terra, e não apenas ficar na órbita. Este homem, foi Neil Armstrong que pisou, pela primeira vez a 20 de Julho de 1969, o solo lunar.
FONTE: Matéria escrita pela jornalista Yara Manuel e publicada no Jornal de Angola, no dia 12 de Abril de 2025.