MESTRADO: ENGENHEIROS FORMADOS EM TOULOUSE JÁ ACTUAM NO GGPEN
Uma das formas que as grandes empresas encontram para alcançarem os seus objectivos é a contratação de técnicos especializados ou apostar na capacitação dos técnicos já existentes. Desta feita, o Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), através do seu programa de formação de quadros, no âmbito do Programa Espacial Nacional (PEN), tem vindo a capacitar os seus técnicos para estarem à altura do que é esperado internacionalmente.
Fruto de uma parceria entre o Estado, por intermédio do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS), com a empresa francesa Airbus, parceira na construção do satélite ANGOSAT-2 e a Rússia, no âmbito das compensações do ANGOSAT-1, que, em Julho de 2019, o GGPEN enviou para o Instituto Superior de Aeronáutica do Espaço (ISAE-SUPAERO), em Toulouse, França, engenheiros para adquirirem o grau de mestrado em Engenharia de Sistemas e Serviços e Aplicações Espaciais.
De regresso à Angola, Aldair Gonçalves, Hugo Mateus e Massala Nsungani, que fizeram o Mestrado em Serviços e Aplicações Espaciais; e Marco Romero, cujo Mestrado foi em Engenharia de Sistemas Espaciais, já foram enquadrados em diferentes áreas da instituição.
“Com as novas valências adquiridas pelos especialistas, o GGPEN está mais próximo de cumprir as metas estabelecidas em sua estratégia espacial nacional, bem como trazer para a sociedade angolana a cultura da tecnologia espacial”, anunciou o engenheiro Hugo Mateus, que está agora enquadrado no Departamento de Desenvolvimento de Aplicações Espaciais.
Após a formação concluída com sucesso, o engenheiro Aldair Gonçalves foi reintegrado no Centro de Controlo e Missão de Satélites (MCC, sigla em inglês), na Funda, em Luanda, para dar continuidade às actividades como Analista do payload para o satélite ANGOSAT-2.
“O meu objectivo é continuar a contribuir para o avanço do sector espacial em Angola com o conhecimento adquirido durante a formação, tanto a nível de aplicações e serviços como a nível de upstream”, disse e adiantou que o “ambiente de trabalho é satisfatório no MCC, pois a disciplina e a partilha de conhecimento são palavras chaves entre os operadores”.
Já o engenheiro Massala Nsungani, que trabalha desde 2016 na área de Planeamento de Voo do Centro de Controlo e Missão de Satélites, foi reintegrado no referido Centro, após a conclusão do mestrado em Aplicações Espaciais e Serviços.
“Estar de volta ao MCC tem sido uma experiência bastante importante face aos desafios que se avizinham. Tenho tido a oportunidade de interagir e beber do conhecimento dos colegas com relação às formações que tiveram ao longo do tempo em que estive ausente, e que tem servido para mim como actualização do que aconteceu ao longo desse período. O processo de reintegração e partilha de conhecimentos tem sido um aprendizado contínuo e acredito que no decurso do tempo hajam outros aspectos nos quais a minha experiência vivida neste ambiente aeroespacial que Toulouse oferece como estudante venha a ser uma contínua mais valia tanto para os colegas no MCC como no GGPEN de modo geral, estando sempre disponível para dar o meu contributo lá onde a minha experiência seja necessária”, ressaltou.
Aplicação do conhecimento adquirido
Os seis engenheiros, que concluíram o mestrado no Instituto Superior de Aeronáutica do Espaço (ISAE-SUPAERO), informaram que para além de oferecer uma autenticidade em seus conteúdos, com o princípio da engenharia reversa, o curso de Aplicações e Serviços Espaciais oferecido pela instituição, tem o seu maior foco na aplicação prática do conhecimento.
Os dados apontam que 70% dos professores provêm da gigante europeia Airbus DS, permitindo que os estudantes concebam os ensinamentos dos especialistas fabricantes, que evidenciam a excelência através dos anos luz de experiência profissional espacial.
O programa curricular do curso de Aplicações e Serviços Espaciais foi divido em sete partes: sistemas espaciais, técnicas digitais, Observação da Terra, telecomunicações espaciais, posicionamento e navegação, economia, negócios e legislação espacial.
Com o curso, os estudantes estão mais aptos a compreender o sector, assim como propor o desenvolvimento de serviços em três grandes ramos da indústria espacial: serviços de telecomunicações, serviços de observação da Terra e serviços de navegação e posicionamento.
“É importante notar que as aplicações e serviços espaciais têm o fim último, tornar rentável as tecnologias de satélites, fazendo chegar até ao usuário final esse mesmo serviço”, explica o engenheiro, agora Mestre em Aplicações e Serviços Espaciais e em Sistemas de Telecomunicações e Multicanais, Hugo Mateus.
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Com a conclusão do mestrado dos seis engenheiros, o GGPEN está a cumprir com um dos cinco pilares do Programa Espacial Nacional (PEN), que é a formação de quadros, auxiliando para que o crescimento do país e da África, em geral, seja acompanhado pelas novas tecnologias espaciais, incluindo as três grandes áreas de aplicações espaciais: telecomunicações, observação da Terra, posicionamento e navegação.
“Entre estas três áreas, a observação da Terra oferece um conjunto de recurso, que bem explorados acelerariam o crescimento do país, assim como influenciaria na tomada de decisões das autoridades governamentais para a implementação de determinados projectos em áreas estratégicas”, orienta o Mestre Hugo Mateus.
Sector espacial angolano
De regresso do Mestrado em Engenharia de Sistemas Espaciais, o engenheiro Marco Romero expõe dedicou-se na sua dissertação a mapear e esboçar a estratégia de desenvolvimento do sector espacial angolano, desde o desenvolvimento das infra-estruturas espaciais mais básicas, como CanSats, até ao lançamento de alguns dos CubeSats mais inovadores para o espaço profundo.
Este desenvolvimento foi desenhado de modo a ser facilitado pela criação de um programa angolano de capacitação espacial, que englobará a integração abrangente de educação espacial, sensibilização espacial, sensibilização da comunidade, participação juvenil, transferência de competências técnicas e desenvolvimento de infra-estruturas.
“Isso é efeito do duplo reconhecimento do impressionante desenvolvimento espacial de Angola”, disse e acrescentou que “os dois principais desafios de Angola centram-se nas capacidades de missão espacial e de recursos humanos. Este programa irá, portanto, abordar a capacidade de recursos humanos para alcançar autonomia espacial e, consequentemente, desenvolvimento sustentável”.